Na correria das grandes metrópoles,
milhares de pessoas estão neste momento frenéticas, à procura de algo que as
façam sentir-se bem sucedidas. E nesta sociedade o sinônimo disto é possuir
acesso aos bens produzidos pela indústria e mercados mundiais.
É verdade que
a humanidade atingiu patamares altíssimos de evolução tecnológica e isto
realmente foi benéfico à sociedade atual. No entanto, ainda vivemos um paradoxo
muito grande entre riqueza e miséria. E esta distribuição desigual de riquezas tem
gerado uma sociedade cheia de contrastes e de desequilíbrios.
Verificamos
neste início do terceiro milênio uma humanidade que vive em função da aquisição
dos bens materiais, compreendendo nisto a aquisição da felicidade humana.
É natural desejarmos ter acesso aos bens que
promovem uma qualidade de vida. Porém, quando isso se torna o centro de nossas
atenções e a tomar conta de nossos pensamentos, desarranjam nossos sentimentos
e quando menos percebemos isto passa a tomar conta de nossa vida, como único
objetivo, e, de maneira inconsciente os sintomas da ansiedade, da
irritabilidade, do medo, e da desarmonia de todos os matizes, que atingem nosso
emocional e depois nosso físico, como o cansaço, a insônia, a gastrite entre
outros.
Em seu sermão
da montanha Jesus nos inquire que “não é a vida mais do que o alimento, e o
corpo mais do que as vestes”?
E desta
maneira nos quis dizer que somos aquilo que desejamos para nós. A forma como
escolhemos viver, será refletido em todo o corpo.
A vida é uma
oportunidade única de caminhar na busca do autoconhecimento e da construção de
valores imperecíveis. Valores estes que permanecem diante da impermanência
desta nossa pequena passagem pelo orbe terrestre.
Jesus nos faz
um convite para que busquemos o “reino de Deus” e desta maneira, tudo nos será
acrescentado pela justiça que sabe de nossas reais necessidades. A verdade é
que quando focamos somente nas aquisições de valores materiais, mais nos
afastamos dos valores espirituais e, somente estes últimos podem nos levar ao
caminho da paz universal. E quando digo isto, não falo de um bordão, de um estereótipo,
falo de algo construído dentro de nós mesmos, e que transborda para fora em
nossa atitude de viver.
O trabalho é a
ferramenta que traz benefício a todos, promove a possibilidade de usufruirmos
das coisas de que necessitamos. Porém, o trabalho não deve ter como objetivo
único acumular aquilo que não nos é necessário. Ser prudente não significa agir
egoisticamente, mas, sobretudo é agir com consciência, administrando com zelo
as conquistas realizadas. O excesso em
relação aos bens terrenos leva ao apego e desta forma colocamos nossos
interesses pessoais acima dos interesses sociais e coletivos.
Assim, quando
se acumula aquilo que é improdutivo para nossa existência, a energia represada,
fica estagnada e não flui em benefício dos outros. Com o excesso de bagagem, a
viagem terrena torna-se mais pesada e mais vagarosa. E ao chegar ao ponto de
chegada, descobriremos que não poderemos entrar no “Reino” com este excesso.
Quanto ao convite que nos é feito, é de que sejamos usufrutuários de benefícios
não somente para nós, mas para todos os que estiverem à nossa capacidade de
auxiliar. Quando nos dispomos a valorizar as virtudes que nos guia ao reino de
amor do Pai, ele nos encoraja a enxergar o mundo a nossa volta e nos dá de
acordo com a nossa disponibilidade de servir à humanidade.
Na confiança
de que Deus, em sua infinita bondade, não abandona nenhum de seus filhos,
deixamos de nos preocupar com o que será do amanhã, vivendo da melhor maneira o
hoje, em harmonia que se expressa na nossa relação conosco, com o outro e com o
Universo. Isto por que sabemos que Deus irá prover nossa existência daquilo que
necessitarmos para seguir nossa jornada. E sem o excesso de bagagem ela
tornar-se-á mais leve e mais frutífera.
Vera
Lucia de O. do Nascimento
São
Paulo, 27/03/2013